Como surgiu ‘Vidas secas’, de Graciliano Ramos?

DIA DE ESTREIA aqui no Plug Literário! \o/

Ao ler um livro que você curtiu muito, já se questionou como ele surgiu?

Pois é! Agora, você conhecerá por aqui as origens de alguns clássicos mundiais.

Hoje vamos começar com um clássico brasileiro de Graciliano Ramos: o romance “Vidas secas”, lançado em 1938.

O Brasil estava sob a mão de ferro do Estado Novo de Getúlio Vargas e uma intensa perseguição política. Em 1936, quando era secretário de educação de Alagoas, Graciliano foi preso, acusado de práticas subversivas. De Maceió, logo foi transferido para o Recife e de lá, com outros 115 presos políticos, para o Rio de Janeiro. Ficou encarcerado entre 3 de março de 1936 a 13 de janeiro de 1937.

Liberto, foi morar com a mulher Heloísa, e as filhas numa pensão na Rua Corrêa Dutra, no Rio de Janeiro, e recomeçar a vida em meio a dificuldades financeiras. Pensou em escrever e publicar em jornal para ganhar uma graninha. Cerca de cem dias depois de ter sido posto em liberdade, começou a escrever um conto que trazia lembranças da infância em Pernambuco. Intitulado “Baleia”, a história girava em torno do sacrifício da cadela que dá nome ao texto.

A história seria publicada por cem mil réis no suplemento literário de “O Jornal”, mas o próprio autor não botava confiança no potencial da história. Enganou-se. O conto agradou bastante, inclusive escritores que frequentavam a Livraria José Olympio, tais como José Lins do Rego.

Além do incentivo dos amigos a continuar a saga da cadela e dos seus donos, Graciliano continuava tendo que se virar em meio a problemas financeiros, além das despesas que acumulou por trazer a família de Maceió. Assim, Ramos começou a escrever mais contos com esses personagens e publicá-los em periódicos.

Dos 13 capítulos, oito chegaram a sair em páginas de grandes jornais da época, como O Cruzeiro, Diário de Notícias, Folha de Minas, Lanterna Verde, e La Prensa, de Buenos Aires. É claro que os contos eram os mesmos, mas os títulos eram alterados, afinal, ele não era bobo.

Não demorou muito para que o amigo e editor José Olympio pedisse a Graciliano que ordenasse os textos e enviasse para publicação. Os contos se transformaram em capítulos e foram reunidos em um romance, cujo título inicial pensado era “Cardinheiras”, mudando para “O mundo coberto de penas” e, finalmente, “Vidas secas”. A obra ganhou vida em 1938 pela José Olympio Editora. Daí em diante, é só sucesso.

O livro “O velho Graça — uma biografia de Graciliano Ramos”, de Dênis de Moraes, traz mais curiosidades sobre a origem desse livro e outras história da vida do autor. Inicialmente lançado em 1992, ganhou uma edição pela Boitempo Editorial em 2012.

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Fontes: Biblioteca Pública do Paraná, UFMG e Memorial da Democracia

Foto: Divulgação/Editora Record